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Maternidade simbólica: psicanalista explica sobre o apego emocional aos bebês Reborn

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Fotos: Pedro Costa / Divulgação

A febre dos bebês Reborn que estourou na década de 1990 e encantou muitas meninas, surge novamente em 2025, porém com uma nova roupagem: mulheres adultas, solteiras ou não, estão criando laços profundos afetivos, como se os bonecos fossem seus filhos e transbordando o instinto maternal.

 

O apego é tão intenso que, essa mulher tenta reproduzir todos os processos e atos de uma maternidade real. Mas o que está por trás dessa tentativa de substituição de cuidado? Seria fuga, medo, carência, infantilização? Esse comportamento, sob a ótica psicológica, sugere uma possível tentativa de esconder, dores ou culpas invisíveis, não verbalizadas, que são melhor expostas através do cuidado com um boneco.

 

Segundo a psicanalista Andrea Ladislau, pelo prisma emocional, podemos entender essa questão, como uma espécie de tentativa de cura, camuflagem de feridas e traumas de infância.

 

“Claro que, não podemos generalizar as razões, afinal somos seres individualizados e a resposta tem a ver com a construção da trajetória de vida de cada um. É preciso entender o histórico das experiências anteriores, pois uma infertilidade, uma desilusão amorosa profunda, a perda de um filho, uma solidão crônica e intensa, ou mesmo a cicatriz de uma maternidade interrompida ou frustrada, pode ser o ponto de partida para a compreensão dessa conexão”, explica a psicanalista.

 

Andrea explica que a representatividade simbólica do afeto e amor maternal, transferida para o boneco, permite a essa “mãe”, expressar o seu mais puro sentimento: amor, afeto, cuidado e a oferta de um lugar seguro, acolhedor, onde ela não correrá o risco de errar nas práticas maternais e poderá, além de tudo, se eximir das frustrações e responsabilidades que a maternidade verdadeira impõe.

 

“O vínculo afetivo é construído à partir das construções mentais, mal elaboradas, que são reforçadas por uma ilusão patológica, uma armadilha da mente para cobrir um vazio existente” explica.

 

É preciso relativizar os casos

 

Andrea ressalta que, não é regra que todas as mulheres que se tornam “mães de um Bebê Reborn” estão vivendo um sofrimento psíquico. Muitas, são colecionadoras lidam com a situação sem qualquer dor ou sentimento distorcido.

 

“A classificação de um sofrimento psíquico se dá, à partir da intensidade desse apego emocional e do nível de consciência dessa mulher para compreender que a troca afetiva com um “objeto” inanimado, não representa uma maternidade real e muito menos pode ressignificar dores invisíveis”, explica.

 

A especialista explica que julgar ou rotular a “Maternidade Reborn”, como sendo uma mentira ou uma farsa, é uma clara representação da ausência de empatia e respeito com sentimentos alheios.

 

“Não podemos apontar dedos, pois não sabemos o que dói no outro. Acolher e ajudar, principalmente, em casos de sofrimento evidente, reflete reciprocidade e abre espaço para uma escuta ativa, acolhedora, presente, bem como para a compreensão mútua”, diz.

 

A psicanalista analisa que é preciso ter reponsabilidade com as falas e os atos, para não agir de encontro ao preconceito e discriminação gratuita do outro.

 

“Oferecer e abrir espaço para que essa mulher se sinta à vontade para expressar o que sente, é fundamental. Sentimentos como luto, solidão e ausências, podem ser os grandes protagonistas desse cenário”, finaliza.         

 

·      Andrea Ladislau é doutora em Psicanalise Contemporânea, Neuropsicóloga. Graduada em Letras - Português/ Inglês, Pós graduada em Psicopedagogia e Inclusão Digital, Administração de Empresas Administração Hospitalar. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro. Instagram: @dra.andrealadislau           

Informações: Assessoria de Comunicação

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